domingo, 30 de janeiro de 2011

Carta de Agricultor

A carta a seguir - tão somente adaptada por Barbosa Melo - foi escrita por Luciano Pizzatto que é engenheiro florestal, especialista em direito sócio ambiental e empresário, diretor de Parques Nacionais e Reservas do IBDF/IBAMA 88/89, deputado desde 1989, detentor do 1º Prêmio Nacional de Ecologia.


Carta do Zé agricultor para Luis da cidade

Prezado Luis, quanto tempo.

Eu sou o Zé, teu colega de ginásio noturno, que chegava atrasado, porque o transporte escolar do sítio sempre atrasava, lembra né? O Zé do sapato sujo? Tinha professor e colega que nunca entenderam que eu tinha de andar a pé mais de meia légua para pegar o caminhão por isso o sapato sujava.

Se não lembrou ainda eu te ajudo. Lembra do Zé Cochilo... hehehe, era eu. Quando eu descia do caminhão de volta pra casa, já era onze e meia da noite, e com a caminhada até em casa, quando eu ia dormir já era mais de meia-noite. De madrugada o pai precisava de ajuda pra tirar leite das vacas. Por isso eu só vivia com sono. Do Zé Cochilo você lembra né Luis?

Pois é. Estou pensando em mudar para viver ai na cidade que nem vocês. Não que seja ruim o sítio, aqui é bom. Muito mato, passarinho, ar puro... Só que acho que estou estragando muito a tua vida e a de teus amigos ai da cidade. To vendo todo mundo falar que nós da agricultura familiar estamos destruindo o meio ambiente.

Veja só. O sítio de pai, que agora é meu (não te contei, ele morreu e tive que parar de estudar) fica só a uma hora de distância da cidade. Todos os matutos daqui já têm luz em casa, mas eu continuo sem ter porque não se pode fincar os postes por dentro uma tal de APPA que criaram aqui na vizinhança.

Minha água é de um poço que meu avô cavou há muitos anos, uma maravilha, mas um homem do governo veio aqui e falou que tenho que fazer uma outorga da água e pagar uma taxa de uso, porque a água vai se acabar. Se ele falou deve ser verdade, né Luis?

Pra ajudar com as vacas de leite (o pai se foi, né ...) contratei Juca, filho de um vizinho muito pobre aqui do lado. Carteira assinada, salário mínimo, tudo direitinho como o contador mandou. Ele morava aqui com nós num quarto dos fundos de casa. Comia com a gente, que nem da família. Mas vieram umas pessoas aqui, do sindicato e da Delegacia do Trabalho, elas falaram que se o Juca fosse tirar leite das vacas às 5 horas tinha que receber hora extra noturna, e que não podia trabalhar nem sábado nem domingo, mas as vacas daqui não sabem os dias da semana ai não param de fazer leite. Ô, bichos aí da cidade sabem se guiar pelo calendário?

Essas pessoas ainda foram ver o quarto de Juca, e disseram que o beliche tava 2 cm menor do que devia. Nossa! Eu não sei como encumpridar uma cama, só comprando outra né Luis? O candeeiro eles disseram que não podia acender no quarto, que tem que ser luz elétrica, que eu tenho que ter um gerador pra ter luz boa no quarto do Juca.

Disseram ainda que a comida que a gente fazia e comia juntos tinha que fazer parte do salário dele. Bom Luis, tive que pedir ao Juca pra voltar pra casa, desempregado, mas muito bem protegido pelos sindicatos, pelo fiscais e pelas leis. Mas eu acho que não deu muito certo. Semana passada me disseram que ele foi preso na cidade porque botou um chocolate no bolso no supermercado. Levaram ele pra delegacia, bateram nele e não apareceu nem sindicato nem fiscal do trabalho para acudi-lo.

Depois que o Juca saiu eu e Marina (lembra dela, né? casei) tiramos o leite às 5 e meia, ai eu levo o leite de carroça até a beira da estrada onde o carro da cooperativa pega todo dia, isso se não chover. Se chover, perco o leite e dou aos porcos, ou melhor, eu dava, hoje eu jogo fora.

Os porcos eu não tenho mais, pois veio outro homem e disse que a distância do chiqueiro para o riacho não podia ser só 20 metros . Disse que eu tinha que derrubar tudo e só fazer chiqueiro depois dos 30 metros de distância do rio, e ainda tinha que fazer umas coisas pra proteger o rio, um tal de digestor. Achei que ele tava certo e disse que ia fazer, mas só que eu sozinho ia demorar uns trinta dia pra fazer, mesmo assim ele ainda me multou, e pra poder pagar eu tive que vender os porcos as madeiras e as telhas do chiqueiro, fiquei só com as vacas. O promotor disse que desta vez, por esse crime, ele não ai mandar me prender, mas me obrigou a dar 6 cestas básicas pro orfanato da cidade. Ô Luis, ai quando vocês sujam o rio também pagam multa grande né?

Agora pela água do meu poço eu até posso pagar, mas tô preocupado com a água do rio. Aqui agora o rio todo deve ser como o rio da capital, todo protegido, com mata ciliar dos dois lados. As vacas agora não podem chegar no rio pra não sujar, nem fazer erosão. Tudo vai ficar limpinho como os rios ai da cidade. A pocilga já acabou, as vacas não podem chegar perto. Só que alguma coisa tá errada, quando vou na capital nem vejo mata ciliar, nem rio limpo. Só vejo água fedida e lixo boiando pra todo lado.

Mas não é o povo da cidade que suja o rio, né Luis? Quem será? Aqui no mato agora quem sujar tem multa grande, e dá até prisão. Cortar árvore então, Nossa Senhora!. Tinha uma árvore grande ao lado de casa que murchou e tava morrendo, então resolvi derrubá-la para aproveitar a madeira antes dela cair por cima da casa.

Fui no escritório daqui pedir autorização, como não tinha ninguém, fui no Ibama da capital, preenchi uns papéis e voltei para esperar o fiscal vim fazer um laudo, para ver se depois podia autorizar. Passaram 8 meses e ninguém apareceu pra fazer o tal laudo ai eu vi que o pau ia cair em cima da casa e derrubei. Pronto! No outro dia chegou o fiscal e me multou. Já recebi uma intimação do
Promotor porque virei criminoso reincidente. Primeiro foi os porcos, e agora foi o pau. Acho que desta vez vou ficar preso.

Tô preocupado Luis, pois no rádio deu que a nova lei vai dá multa de 500 a 20 mil reais por hectare e por dia. Calculei que se eu for multado eu perco o sítio numa semana. Então é melhor vender, e ir morar onde todo mundo cuida da ecologia. Vou para a cidade, ai tem luz, carro, comida, rio limpo. Olha, não quero fazer nada errado, só falei dessas coisas porque tenho certeza que a lei é pra todos.

Eu vou morar ai com vocês, Luis. Mais fique tranqüilo, vou usar o dinheiro da venda do sítio primeiro pra comprar essa tal de geladeira. Aqui no sitio eu tenho que pegar tudo na roça. Primeiro a gente planta, cultiva, limpa e só depois colhe pra levar pra casa. Ai é bom que vocês e só abrir a geladeira que tem tudo. Nem dá trabalho, nem planta, nem cuida de galinha, nem porco, nem vaca é só abri a geladeira que a comida tá lá, prontinha, fresquinha, sem precisá de nós, os criminosos aqui da roça.

Até mais Luis.

Ah, desculpe Luis, não pude mandar a carta com papel reciclado pois não existe por aqui, mas me aguarde até eu vender o sítio.


(Todos os fatos e situações de multas e exigências são baseados em dados verdadeiros. A sátira não visa atenuar responsabilidades, mas alertar o quanto o tratamento ambiental é desigual e discricionário entre o meio rural e o meio urbano.)

Egipto - Repressão e Censura na TV

Cadeia televisiva Al-Jazeera proibida de transmitir e operar no Egito
Cairo, 30 jan (Lusa) -- O ministro cessante da Informação Anas el-Fekki ordenou a interdição do canal satélite Al-Jazeera, que largamente cobriu as manifestações anti-governamentais, anunciou a agência oficial Mena.
O ministro "decidiu que o serviço de informação do Estado devia encerrar e anular as actividades do canal Al-Jazeera na República árabe do Egito, anular todas as autorizações e retirar todas as carteiras profissionais dos jornalistas a partir de hoje", afirma o despacho da Mena.
O canal por seu turno, noticiou a AFP, afirmou que esta decisão visa "fazer calar o povo egípcio".

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Canais Rocha - Macartismo e antiterrorismo


Nasceu em Torres Novas, em 17 de Janeiro de 1930.
Começou a trabalhar imediatamente após a instrução primária como marceneiro, na empresa de Alberto Sepodes, e carpinteiro de moldes, nas metalúrgicas Lourenço & Irmãos e Costa Nery.
Mais tarde faria o curso dos liceus, a licenciatura em História e o mestrado de História Contemporânea.
Desde muito novo ligou-se aos movimentos sociais, políticos e associativos de Torres Novas.
Em 1952 foi preso pela primeira vez pela polícia política e, depois de libertado, retomou a luta política e sindical em Torres Novas.
Funda as estruturas sindicais dos trabalhadores metalúrgicos, concelhias e distritais, integra direcções locais e regionais do PCP e adere às comissões de apoio às de Arlindo Vicente e Humberto Delgado.
Ao nível associativo, esteve na fundação do Núcleo Campista “Raiar da Aurora” e do Cine-Clube de Torres Novas.
Seguiram-se anos de clandestinidade com sua mulher Rosalina, também ela uma lutadora.
Em 1968 foi de novo preso pela PIDE, tendo sido condenado a 5 anos de prisão. Crê-se que foi um dos presos políticos com maior período de tempo sujeito à tortura do sono, somente interrompida pelo desnorte provocado pela queda da cadeira de Salazar.

Libertado da cadeia de Peniche em 1973, emprega-se no Sindicato dos Jornalistas e no Sindicato dos Electricistas e integra o grupo fundador da Intersindical, de que foi o primeiro coordenador-geral.
Em Maio de 1974 é eleito delegado dos trabalhadores portugueses à 59ª Conferência Internacional do Trabalho (OTI), realizada em Genebra.
Foi fundador e dirigente da Associação Amigos de Torres Novas em Lisboa; em 1996 funda a ARPE, de que foi presidente. Em 1998, funda a Federação dos Reformados do Ribatejo, de que é presidente e, em 2002, a União das Colectividades e Associações de Torres Novas, de que também é presidente. Participou ainda na fundação AGIR e da Associação Casa Memorial Humberto Delegado.
Publicou dezenas de artigos sobre a história do movimento operário e sindical em vários jornais e revistas e alguns livros sobre sindicalismo e a história do movimento operário, o último dos quais editado pelo Município de Torres Novas em 2009.
Recebeu a Medalha de Mérito Cultural do Município de Torres Novas em 2003.

Francisco Canais Rocha é, aos 80 anos, exemplo de perseverança e de consciência, de convicção e dignidade pessoal. Foi, para muitos, um pedagogo da ciência que suporta as revoluções.
É um líder por excelência desde os tempos de miúdo e um organizador por excelência.

Maratonista da conversa, dono de uma notável capacidade mnemónica e um apaixonado pelo cinema.
Che Guevara e Alexandre Herculano são dois dos seus ícones imemoriais e símbolos das suas grandes paixões: a História e a luta social.

Também por ele os labirintos do passado foram convertidos em campos férteis de liberdade.

Macartismo e antiterrorismo - Duas faces da mesma moeda


Francisco Canais Rocha
Historiador

Os EUA não tem autoridade jurídica ou moral para condenar  Saddam e atacar o Iraque. Juridicamente só o poderiam
fazer com mandato da ONU.  Quanto à autoridade moral, a situação ainda é mais grave...

A década de 50 do século XX passou à História como a época  da «guerra fria». Dividido em dois blocos, o Mundo vivia
aterrado com o receio  de um conflito nuclear, alimentado pela Guerra da Coreia (1950-1953). Nesse  período, os EUA
foram varridos por uma onda de anticomunismo, o macartismo, que perseguia tudo e todos.  Beneficiando de largo
apoio dos católicos americanos, em especial do Cardeal  Spellman, o Macartismo era a  expressão da «guerra fria» na
política interna dos EUA e visava combater todos  os que se opunham à política belicista e aventureira da América.

 Quem se opusesse ao macartismo não era bom americano, era comunista!

 Cinquenta anos depois, num Mundo unipolar, com a chegada da  direita ao poder, encabeçada por George W. Bush, a
expressão ideológica da  política externa dos EUA é o antiterrorismo, em particular o da multinacional  do terrorismo
Al'Qaeda, criada pelos próprios EUA na sua cruzada contra o  comunismo. Hoje, quem não condenar o terrorismo é
contra a América. Mas não  todo o terrorismo. O terrorismo de Estado praticado por Israel sobre o povo  palestiniano não
deve ser condenado. Tal como o macartismo apoiado pelos católicos americanos, hoje são os  protestantes
fundamentalistas que apoiam a política americana contra o Iraque. 

O macartismo, expressão da «Guerra Fria»

Entre os anos de 1947 e 1955 os EUA foram varridos por uma  onda de anticomunismo que se transformou em
verdadeira histeria colectiva. Esse  onda atingiu o seu apogeu nos anos 1950-1954, período em que o senador Joseph 
McCarthy, à frente da poderosa Comissão de Actividades Antiamericanas (criada  em 1938 para combater os filonazis,
mas que se mantivera inactiva durante nove  anos!), desencadeou uma verdadeira «caça às bruxas» digna da Inquisição.

 Quando terminou a II Guerra Mundial (1939-1945), as classes  dominantes dos EUA alimentaram a ilusão do
nascimento de um «século americano»,  a crença de que o Mundo era como que uma ostra que os EUA podiam comer.
A  expressão desta política é traduzida pela declaração do secretário de Estado  John Foster Dulles, em 1952, de que os
EUA «não têm amigos, só têm interesses».  Em consequência de tal política, a economia foi colocada em pé de guerra
 permanente. O militarismo invade a vida política, a «guerra fria» passa para  primeiro plano, e todos os assuntos
internos são, duma maneira ou doutra,  subordinados à política de domínio mundial.

 Para «conter» o Movimento Sindical foi aprovada em 1947 à  lei Taft-Hartley, que visava diminuir o poder dos sindicatos.
Segundo essa lei,  os dirigentes sindicais teriam de jurar em tribunal que não eram comunistas.  Caso não o fizessem, o
sindicato não seria reconhecido. São proibidas as greves  de solidariedade. Durante uma greve o tribunal podia
suspendê-la até noventa  dias. É neste contexto que surge o macartismo.

 O macartismo penetrou em toda a estrutura social e ideol6gica da sociedade americana. Os macartistas pareciam ver
um comunista atrás de cada árvore ou poste de iluminação  pública. No entanto, o anticomunismo do senador
McCarthy não passava de um  slogan a empregar na luta contra todos os grupos sociais, tendências e  instituições
progressistas, intelectuais liberais, isto é, contra todos os que,  de uma maneira ou de outra, se opunham à «guerra fria»,
ao poder avassalador do  «complexo militar-industrial», defendendo reformas que favorecessem o mundo do  trabalho,
das artes, da política de negociação com todos os povos do Mundo.

FSTIEP
http://fiequimetal.pt/fstiep Powered by Joomla! Generated: 16 January, 2011, 21:49 Entre as páginas mais odiosas do macartismo figura a condenação à morte dos esposos Rosemberg,  acusados de
espionagem. Era a primeira vez que tal acontecia nos EUA em tempos  de Paz. Mas também a perseguição aos
membros progressistas e liberais das  faculdades e universidades; a perseguição aos artistas de Hollywood, como Charlie
 Chaplin; a destruição de livros, como na Idade Média.

 Durante o macartismo, as doutrinas constitucionais que abarcavam liberdades individuais sofreram  modificações
substanciais. O recurso à «Quinta Emenda» (ninguém pode ser  obrigado, numa investigação criminal, a depor contra si
próprio), era agora  considerado criminoso pelos macartistas, que chegaram mesmo a falar de  «comunistas da Quinta
Emenda» aos que recusavam responder às perguntas das  comissões investigadoras.

 Em 1953, depois de violentos combates, de avanços e recuos  de ambos os lados, de ameaças de emprego da bomba
atómica. a guerra da Coreia  chega ao fim, ficando tudo na mesma, isto é, as duas Coreias separadas como  ainda hoje
se mantêm. Mas a guerra tinha mostrado que os EUA não eram invencíveis,  sobretudo depois de terem perdido o
monopólio das armas nucleares. É neste  contexto que os presidentes dos quatro grandes (América, URSS, Inglaterra e 
França) se reúnem em Genebra.

 A Conferencia de Genebra contribuiu para aliviar a tensão  mundial e criar um clima de paz, abrindo caminho ao que
ficou conhecido como o  «desanuviamento». Encerrava-se um importante capítulo da história  contemporânea, no qual o
mundo se encontrou por mais de uma vez à beira de uma  guerra de incalculáveis proporções. Mas as forças amantes da
Paz fizeram gorar  todas as tentativas belicistas, e a política de coexistência pacífica impôs-se  nas relações Leste-Oeste e
entre países com sistemas sociais e políticos  diferentes.

O Antiterrorismo e o Controlo do Petróleo

A partir dos anos setenta do século XX a linha prioritária  da política externa norte-americana era a campanha ideológica
em torno dos  chamados direitos humanos. Depois da implosão do bloco soviético e da queda da  URSS, os EUA
tornaram-se na única superpotência. Até então, os EUA procuraram  que as suas acções de domínio mundial fossem
cobertas pelas Nações Unidas.  Agora já não precisam dessa cobertura «legal» e passam a agir de acordo com as 
declarações de JF Dulles, isto é, de acordo com os seus interesses. E à cabeça  desses interesses encontra-se o petróleo, o
chamado ouro negro.

 Apoiado ideologicamente nos fundamentalistas protestantes  Bush, diaboliza os «inimigos» dos EUA e inventa o «eixo
do Mal», constituído  pelo Iraque, o Irão, a Coreia do Norte, etc. Ora, foi precisamente este Iraque  de Saddam que os
presidentes americanos Ronald Reagan e Bush (pai)armaram até  aos dentes na sua guerra com o Irão. Foram eles
que forneceram a Saddam os  produtos químicos para sua guerra bacteriológica, como o antraz. Nessa altura,  Saddam
Hussein era um valioso aliado da causa da «Paz» e da «Liberdade».

 Os tempos mudaram e os interesses americanos também. Na sua  luta pela hegemonia e controlo do petróleo mundial,
os EUA sabem que o Iraque  tem as segundas maiores reservas desse produto e é o segundo maior produtor de 
petróleo e de gás natural. Aliás, a instabilidade política e social que se  instalou na Venezuela após a chegada ao poder
de Hugo Chavez faz parte do mesmo  processo, pois a Venezuela é o quinto maior produtor de petróleo.

Os EUA não tem autoridade jurídica ou moral para  condenar Saddam e atacar o Iraque. Juridicamente só o poderiam
fazer com  mandato da ONU. Quanto à autoridade moral, a situação ainda é mais grave. Um  governo que recusa assinar
o «Protocolo de Quioto», sobre o aquecimento da  Terra e o meio ambiente; um governo que recusa reconhecer o
Tribunal Penal  Internacional (TPI) para julgar os crimes contra a Humanidade; um governo que  recusa assinar o
acordo visando fornecer aos países dá Terceiro Mundo (a braços  com epidemias como a sida) medicamentos mais
baratos, não pode deixar de  merecer a condenação de todos os que amam a Paz.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Desemprego Mundial

O desemprego manteve-se em 2010 em níveis históricos. De acordo com a Organização Mundial de Trabalho, a taxa de desocupação foi de 6,2 por cento. 


São 205 milhões de pessoas sem emprego à escala global. Desde 2007, antes da crise rebentar, que o número de desempregados cresceu em 27 milhões e 600 mil.

Já na União Europeia (UE), a taxa de desemprego subiu para 8,8 por cento, sendo que a UE regista uma das recuperações mais lentas a nível mundial, segundo a OTI.

O relatório diz, ainda, que muitos países desenvolvidos não estão a conseguir dar resposta ao aumento da população em idade activa. Aliás, o desemprego jovem é dos que mais preocupa. Mais de 77 milhões estão no desemprego e pelo menos mais um milhão e 700 mil jovens já desistiram de procurar emprego.
 
Em Portugal, a taxa de desemprego acelerou a partir do segundo trimestre de 2009, até ao final de 2010 e é uma das mais elevadas da Europa.
NC

domingo, 23 de janeiro de 2011

O que é Democracia? (1)

Palavra que permite tantas ambiguidades

Será que existe democracia? Ou democracia é apenas um ideal? E se é um ideal, que ideal é esse?

Ainda que seja meu objectivo apenas dar ideias simples e levantar questões, que nos ajudem a pensar, dada a amplitude do tema, vou dividir os textos, ou as postagens se preferirem, em vários capítulos.

Como é sabido as ideias de Democracia vêm da Grécia Antiga (demo=povo e kracia=governo), o que interpretado na sua pureza daria Governo do Povo. Pergunta-se desde logo. Povo a governar ou, governo em nome do povo? Reflictamos nos casos conhecidos da história, em especial a partir do séc. XIX e, mais particularmente, após os primórdios da Revolução Industrial.
Nessa época, de grande riqueza histórica e cultural, desenvolveram-se duas doutrinas políticas dominantes, o liberalismo de um lado e o socialismo do outro. Cada uma delas era sustentada por pessoas que ocupavam diferentes posições na sociedade.
Os burgueses eram os habitantes dos burgos. Artesãos, comerciantes e negociantes que trabalhavam com dinheiro, e de certo modo concorriam com a nobreza, que era quem detinha a riqueza e o poder (coisas que têm andado sempre ligadas). Os mais pobres viviam fora das cidades, nas suas periferias “extramuros”. Na generalidade, todos os burgueses eram desprezados pelos nobres. Eram os herdeiros dos vilões da Idade Média (habitantes das vilas - conceito romano), eram os artesãos, lojistas e companheiros que compunham o movimento sans-culottes da grande Revolução Francesa de 1789.


O trabalho humano e a liberdade

Há muito que filósofos descobriram que o trabalho é fonte de libertação, factor de cultura e de progresso. O trabalho dá dignidade ao ser humano, por o colocar em vantagem aos restantes animais, controlando a natureza para melhorar o seu bem-estar.
No século XVIII a primazia pela razão elevou o homem como responsável pelo progresso material e técnico e pela descoberta de que essa qualidade exigia liberdade de viver e pensar. Este conceito de liberdade foi uma reacção ao Absolutismo Monárquico. A intervenção do Estado, absolutista, na economia foi vista como uma limitação da liberdade. Assim as ideias liberais começaram a surgir contra o Absolutismo, contra o direito divino dos Reis e da Religião de Estado. Destacaram-se Adam Smith, Jean-Jacques Rousseau, Locke, Montesquieu e Voltaire, entre outros.
O trabalho livre foi considerado integrante da liberdade do indivíduo.
A partir do final do Séc XVIII, e depois da Revolução Francesa, os burgueses foram conseguindo o poder nos principais países da Europa.



Os burgueses mais ricos, com o desenvolvimento da técnica, aperfeiçoaram meios de produção sofisticados que permitiam maior produção a custos mais baixos, concorrendo em vantagem com os outros artesãos. O laissez-faire (liberdade de cada um fazer) está no cerne da regulamentação das novas actividades de produção que revelavam qualidades novas “industriais”. Esses burgueses, puderam então controlar as relações de trabalho, a vida nas fábricas, sem restrições. A liberdade permitia que se instituísse uma nova forma de escravidão, com o aumento do poder dos que assim conseguiam aumentar rápidamente a sua fortuna. O operário não passava de um simples meio de produção.
A liberdade de contratar não dava meios ao operário, subjugado pela fome. O trabalho era a sua única fonte de sobrevivência e portanto não podia recusar uma jornada de trabalho que muitas vezes se estendia durante quinze horas, em condições de higiene e segurança deploráveis tendo que aceitar uma retribuição miserável. Teoricamente livre, o operário tornava-se cada vez mais dependente do patrão. Surgia uma concepção de direito a que posteriormente correspondeu um papel do estado, contrária aos interesses do proletariado. A classe operária sem qualquer protecção, sofria, enquanto o Estado assistia inerte, na convicção liberal de que seu papel não devia ir além da ordem pública, podendo os cidadãos conduzir-se como melhor lhes aprouvesse. Jonh Locke afirmou: "ao Estado não cabe interferir. O homem é livre. A intervenção do Estado é negativa". É fácil concluir que, esta concepção de liberdade, serve apenas a quem tem o poder.

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